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SERÁ QUE OS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA ATRAPALHAM OS DEMAIS ESTUDANTES?

Na última segunda-feira, o Ministro da Educação afirmou que os alunos com deficiência influenciavam negativamente na educação dos demais. Mas será que isso é verdade?



“Inclusivismo, que é o inclusivismo? A criança com deficiência era colocada dentro de uma sala de alunos sem deficiência. Ela não aprendia. Ela atrapalhava o aprendizado dos outros", disse o ministro da Educação, Milton Ribeiro. Essa nova declaração polêmica do ministro da Educação Milton Ribeiro em entrevista ao programa 'Sem Censura', da TV Brasil está repercutindo nas redes sociais.


Veja a seguir o posicionamento da equipe EFEITO sobre o assunto:


O QUE ACHAMOS

Especialmente desde a Declaração de Salamanca (1994), do qual o Brasil é signatário, nosso país vem implementando políticas públicas que orientam a inclusão escolar notadamente de estudantes com deficiência, Transtorno do Espectro do Autismo e com superdotação.

A fala do Ministro nesta semana, mostra um desconhecimento total acerca de pesquisas científicas publicadas no Brasil e no exterior provando exatamente o contrário.


ALGUMAS COMPROVAÇÕES

Numa revisão de literatura, os autores encontraram que 81% dos alunos sem deficiência que estavam na mesma sala de aula de estudantes com deficiência não sofreu prejuízo (58% dos estudos) ou até obtiveram efeitos positivos (23% dos estudos) sobre o seu desenvolvimento acadêmico (Kalambouka, Farrell, Dyson & Kaplan, 2007).

Há ainda, uma revisão que descreve cinco benefícios da inclusão para alunos sem deficiência:

· Redução do medo das diferenças humanas, acompanhada por um maior conforto e consciência (menos medo de pessoas com aparência ou comportamento diferentes);

· Crescimento da cognição social (aumento da receptividade aos outros, comunicação mais eficaz com todos os colegas);

· Melhorias no autoconceito (aumento da autoestima, do status percebido e da sensação de pertencimento);

· Desenvolvimento de princípios morais e éticos pessoais (menos preconceito, maior capacidade de responder as necessidades dos outros);

· Amizades carinhosas (Staub & Peck, 1995).

Além disso, os alunos com deficiência que passaram a parte maior do dia na escola com seus pares sem deficiência tiveram desempenho significativamente melhor em testes de linguagem e matemática do que estudantes com semelhantes deficiências que passaram um menor período do dia na escola com seus pares sem deficiência (Hehir, Grindal & Eidelman, 2012).

Mais ainda, os alunos com deficiências de desenvolvimento em salas de aula inclusivas demonstraram níveis mais elevados de empenho do que alunos com deficiências de desenvolvimento em salas de aula de educação especial (Katz & Mirenda, 2002).



E PARA O PROFESSOR?

A educação inclusiva efetiva requer que professores e outros profissionais da educação participem regularmente da solução colaborativa de problemas. Então, por meio da colaboração de toda a escola, funcionários podem compartilhar ideias e estratégias para enfrentar os desafios específicos, vivenciados individualmente por alunos com e sem deficiência (Carter & Hughes, 2006).

Professores e outros funcionários do ambiente escolar precisam trabalhar juntos para desenvolver intervenções na sala de aula que possam aumentar as chances de sucesso dos alunos (Bouillet, 2013).

Essa colaboração pode envolver interações entre professores, fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, pedagogos e gestores da escola, que trabalham juntos para atender as necessidades de cada aluno, dividindo o tempo e compartilhando recursos.

“Os professores da sala de aula mudaram algumas de suas práticas, passaram a fazer descobertas importantes e sentiram seu trabalho mais valorizado, ao reconhecerem o potencial de cada estudante” (Montoan, 2014).


PARA SABER MAIS


Trouxemos algumas dicas bibliográficas para quem deseja se informar mais a fundo sobre isso. São eles:

· Os benefícios da educação inclusiva para estudantes com e sem deficiência, Thomas Hehir (coordenação), Instituto Alana ABT Associates (2016): bit.ly/beneficioEducacaoInclusiva

· Efeitos de um modelo de sala de aula inclusiva sobre o desempenho acadêmico de estudantes com e sem deficiência. Lise Saint-Laurent, Jean Dionne, Jocelyne Giasson, Éagide Royer, Claude Simard, Brigitte Piérard, somente em inglês (1998): doi.org/10.1177/001440299806400207

· A escola e suas transform(ações) a partir da educação especial na perspectiva inclusiva – Relatório III, Maria Teresa Eglér Mantoan (coordenação), MEC, OEI, Leped/Unicamp (2014): bit.ly/RelatorioEducacaoInclusiva_MEC

· O impacto da inclusão de crianças com deficiência intelectual em classes regulares sobre o desempenho acadêmico de seus pares com baixo, médio e alto desempenho, Rachel Sermier Dessemontet e Gérard Bless, somente em inglês (2013): www.tandfonline.com/doi/abs/10.3109/13668250.2012.757589

· O impacto de incluir alunos com necessidades especiais em escolas regulares sobre o desempenho de seus pares, Afrodite Kalambouka, Peter Farrel, Alan Dyson e Ian Kaplan, somente em inglês (2007): bit.ly/2lAg1PI

· Turma faz estudo de cultura afro-brasileira em português e em Libras (relato de experiência), Diversa (2016): bit.ly/relatoLibraDiversa


É com base em ciência e muita experiência que a EFEITO Consultoria para Inclusão Escolar tem feito seu trabalho. Estamos à sua disposição!


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